Sabe aquela sensação de estar
entrando no palco pela primeira vez? Ou então de escola nova? Alguma coisa
desconhecida e com uma representação muito boa na nossa vida? Algumas destas
estavam rondando o meu estomago antes da primeira sessão de quimioterapia. Queria
sair animada, saltitante pela rua falando como uma personagem de filme de
comédia romântica... Mas eu sou a Tainá. Então o meu jeitinho é esse mesmo. Sai
calada, meio caladona, mas animada.
Sinceramente, fiquei com um pouco
de receio de passar mal ou algo do tipo. Nas vésperas do procedimento eu passei
a noite pesquisando sobre o Onconcentro e os médicos responsáveis. Enfim! Tudo
que eu podia saber. Até me animei porque o lugar é bem bonito. Daqueles que tu
tens vontade de se arrumar pra ir. Avisei pra Deus e o mundo, a família,
amigos, vizinho, o passarinho lá da esquina... E fui com meus pais.
Na sala onde eu recebi a aplicação
da dose, havia um rapaz fazendo o mesmo tratamento que eu. No caso dele, já na
reta final. O quinto ciclo de oito! Tomara que os resultados dele sejam os
melhores possíveis! Mas ontem, quem eu conheci mesmo, foi a Dea.
Um pouco antes de a Dona Graça me
furar para começar os procedimentos. A minha amiga de quimioterapia chegou ao centro
junto com a vizinha (e uma grande amiga mesmo) para fazer o procedimento dela
também. No começo ela parecia fraquinha daquelas que a gente não bota muita fé,
sabe? Mas conversando com ela descobri que as coisas são bem diferentes! A Dea se
trata há três anos. Não tem estomago, nem baço, nem ovários (o mais recente) e,
se não me engano, a quimioterapia dela nos dias de hoje é por conta de uma
hepatite medicamentosa. Já que o fígado estava recebendo todo peso direto. Guerreira! Ela, o marido, as filhas e família!
Enquanto eu trato o inquilino invasor aqui ela trata os dela também! E graças a
Deus a gente já está vencendo essa batalha! Essa guerra!
As enfermeiras do Onconcentro são
uma simpatia! A dona Graça só vinha pra me furar. E Su ia e voltava. Todas as
vezes que ela entrava do meu lado trocava um soro da máquina. Ela entrava na
sala vinha para o meu lado e eu falava “Ah! Agora pronto! Lá vem tu com mais um
soro!” Ah! E eu finalmente tirei a dúvida quanto a questão das” cores dos soros” o meu é vermelho. Não
sei o que isso quer dizer, só sei que é.
No final da tarde a nossa área de
aplicação parecia mais uma sala de esperar de salão de beleza. Da próxima vez
vai ter até um lanchinho especial. Levei uns bombons para as enfermeiras de lá,
que são adoráveis conosco. Acho que elas merecem mesmo!
Terminou a primeira sessão e eu
voltei pra casa com os meus pais. A gente fica bem casando mesmo. Só queria
dormir, quase não consegui trocar de roupa pra isso. É bem normal ficar cansado
nos dias seguintes, mas está tudo bem. Só me equilibrando aqui nas dores de barriga
(é gente, acontece né?). Não estou desanimada, na verdade eu estou bem
animadinha. Só não tenho muita disposição pra sair dançando Macarena virtual. O
que pode esperar um pouco... Claro que eu fiquei um pouco frustrada de não
poder ir ao chá da Thalita, ou no ballet da minha escola... Vamos torcer para
que dê pra assistir a minha prima no teatro. Mas isso depende da minha
disposição e dos meus queridos leucócitos! Enquanto isso mamãe me manda falar
com um pouco mais de ânimo porque eu estou parecendo fraquinha. Não é falta de
animo, é falta de força mesmo! Tipo quando
a gente fica com muito sono. Mas na hora do almoço eu tento falar com mais
empenho para testar o resultado.
Estou bastante animada que já tenha
começado os ciclos!. Agora é torcer para me livrar logo dos remédios das dores
(o que já diminuiu em alguma coisa) e correr para o abraço. Fico feliz também
de ter o apoio que eu estou tendo e as minhas oportunidades e tudo! A gente
reclama, mas ter um plano de saúde que cobre tudo isso é uma maravilha!
Ah! Vou conhecer a historia de
mais uma moça que faz tratamento de quimioterapia. Fiquei ansiosa pra saber
como foi a historia dela. Raquel é o nome da moça.
E, pra finalizar, parei de contar
os dias porque já começaram os ciclos. Agora é aproveitar todos os dias de
batalha e tirar um proveito desta historia. Curtir os dias em casa, dormindo,
lendo, vendo filme... Enfim a gente arruma o que fazer. Estou bem ansiosa para
poder voltar às atividades domesticas normais. Quero testar logo meus dotes
culinários que estão aflorando.
Linda! É bom saber que foi tranquilo e que o pior de tudo é, realmente, o soninho.
ResponderExcluirEntendo a Tia Fátima te brigando pra falar mais animada, afinal, você é uma das pessoas mais alegres que eu já conheci na vida, e te ver em slow motion (pode usar essa expressão? foi como imaginei, hehe) é bem preocupante.
Vai dar tudo certo! Depois me conta mais sobre seus amigos da quimio. :)
Amo amo amo você, pequenina! ♥