Sonhando.

Obvio que a ansiedade para começar o tratamento e chegar logo ao final dos seis meses está estampada na minha testa. A gente sente necessidade de uma infinidade de coisas o dia todo. E quer preencher os dias em todos os segundos. Então se vicia em algum livro, come, fala pelos cotovelos ou apenas dorme a tarde toda (tudo bem... isso não acontece comigo). Nada mais que o normal para as circunstancias... Eu acredito. E, de uns dias para cá, tem uma abelhinha me cutucando a orelha dia e noite.

Quando tudo começou e eu, de alguma forma pude entender o que acontecia comigo. Não só fisicamente, como espiritualmente e energeticamente... Enfim. Em todos os sentidos da minha vida. Comecei a pensar em algumas situações que, de grosso modo, já me apareciam pela frente. Talvez eu só não soubesse como lidar e encara isso tudo. Mas era bem perceptível. Uma vida vivida e vazia de algum sentido maior. E, dias e outros, parava e perguntava: O que eu estou fazendo? Por quê? Qual o sentido? É só isso mesmo?

Lógico que eu sabia as respostas. Claro, ainda não sabia como resolver isso dentro de mim. E ainda nem sei bem como resolver isso. Mas tem uma vontade aqui que fica cada dia mais urgente. Ela é bem forte. Latente! Mais que os calores do corticoide! É uma vontade de fazer alguma coisa. Esta “coisa” que eu ainda não sei o que é, mas tenho uma certeza. Não é por mim. Talvez me doar mais. Ser mais. Sentir mais... Então, esta noite, antes de dormir, pela primeira vez, nesse período, eu pedi alguma coisa enquanto rezava. Pedi mesmo, na cara de pau! Mas pedi uma luz, uma ajuda pra saber o que fazer com essa vontade. No meio da noite eu acordei e entendi bastante coisa, que agora estão se organizando bem na minha cabeça.

Entendo que não é tão importante o que eu vou fazer e sim como isso vai ser feito. O que ficou bem claro em meu sonho. É preciso vontade mesmo. Eu espero conseguir de agora em diante levar um pouco mais de energia boa pra quem se aproximar. Sempre. É a vontade que eu tenho. Preencher a minha vida cada vez mais com a felicidade. Viver de verdade. Não só passar por aqui. Tudo tem um sentido no final das contas. Tudo tem um motivo no final mesmo. Nada é por acaso. Nada! E graças a Deus essa abelhinha fica fazendo zum-zum em meus ouvidos. Estou encontrando uma paz dentro de mim que eu não conhecia de jeito nenhum. E, sem querer, por muito tempo eu procurei. É meio complicado entender quando ela aparece dentro da gente. E com o tempo ela costuma se encaixar até fazer parte do nosso estado constante e sempre especial.

Hoje eu conto os dias para poder fazer logo tudo isso. Mas enquanto espero vou curtindo o cheiro da carne assada que a minha mãe tá fazendo na cozinha. o que na verdade tem me cutucado pela casa, neste momento!