Pensei: “Poxa,
vida! Logo agora que eu estava deixando o cabelo crescer... Mas tudo bem. Se precisar
ficar careca é melhor que ir pra faca.” Era o que passava pela minha cabeça
minutos depois de saber como seria o tratamento do nódulo. Ah, o linfoma! O meu
médico, o Dr. Roger Normando, foi um homem maravilhoso que eu encontrei pra
ajudar nessa corrida. Não sei nem como agradecer.
Sai pedindo
peruca pra todos os meus amigos, conhecidos, desconhecidos... Rindo, feliz da
vida. Saber o problema e como resolver é um bom motivo pra sair saltitando por
ai, pelo menos eu acho. Tenho uma galera de lenços e turbantes. Estilo é o que
não vai faltar. Mas bem, só se precisar.
Resolvi encarar
tudo com bom humor. Se a vida te dá limões, faça uma limonada. Não é assim? Pois
bem, estou fazendo uma torta de limão, limonada, to adoçando a vida. Claro que
tem horas que eu perco um pouco a graça, porque dói e é difícil. Mas eu respiro
fundo encaro e passa. Tudo passa...
Mas e naquele
dia que a gente se pergunta por que as coisas acontecem com a gente? É uma
aflição tamanha. Procuramos a resposta em qualquer vírgula a nossa frente. Mas ela,
a resposta, aparece sempre quando a gente menos espera. Hoje eu só tenho a
agradecer. Sim, to dando graças a Deus, Olorum, ou como quer que Ele seja
chamado. De me dar essa chance de ver as coisas de outra forma. De crescer e
luta. Ver que a vida é mais que aquilo que eu pensava. Ver e dar valor a coisas
que passavam despercebidas.
E eu vinha
pedindo. Desde o Círio de Nazaré pra ter uma luz, pra que o que quer que fosse
o motivo das dores e inchaço, bem, que fosse descoberto pra poder curar. E mais.
Dentro da minha religião, Umbanda, o meu padrinho espiritual me disse: na vida
tem coisas que nós (as entidades) podemos mostrar e apontar, outras a gente não
vai poder falar e outras nem nós vamos saber. É assim, a vontade de Deus.
Tenho encarado
com boa fé. Digo, com muito mais fé que eu costumava acreditar que eu tinha e
sem vergonha de ter e falar. A vida tem mais motivos e maneiras de te ensinar a
viver que podemos imaginar. E enquanto isso, vou aproveitando pra pensar nos
modelos de turbantes que eu vou usar.
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