sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Plantonistas



Na ordem: A Joelma, o Léo e a Dona Fátima (mamãe)


Eu acho que eu ainda não falei sobre os meus plantonistas noturnos. Não é fácil ter que acordar umas três vezes de madrugada pra tomar remédio e - por mais contraditório que seja - dormir tranquila. É uma tarefa simples, colocar os despertadores, olhar na tabela, pegar o leite e mandar o remédio pra dentro da goela da menina.
Bem simples e fácil se você não faz nada o dia todo e dorme igual uma porca. Se não é a mãe, pai, qualquer coisa, assim, sem muita importância. E a minha família é uma coisa fofa só, o que não falta é gente pra vir pra dentro de casa dormir aqui no Cafofo da Tata.
Meu primeiro plantonista foi o Léo. Na verdade nem foi aqui no Cafofo que ele ficou, foi lá no perrengue da Unimed mesmo. No dia D! Passou a frente de todo mundo e ninguém nem pestanejou. “Não, eu QUERO, EU PRECISO ficar.” Pronto, acabou. Certo, quem é Léo? Meu primo, meu irmão. Eu cresci junto com ele que é uma mistura indistinguível de grau de parentesco. É do mesmo sangue, tem a mesma avó, morou na mesma casa é tudo irmão. Então... Como eu ia dizendo, o Léo é meu irmão mais velho. O macho alfa da geração.
Ele ficou lá no hospital e talvez nem saiba, mas foi uma das primeiras pessoas a me tranquilizar – um pouco antes foi a mulher dele, a Joelma.  – sobre o que estava acontecendo dentro do meu corpinho maravilha. Eu acho que, por conta do efeito retardado que o remédio dá,  eu não entendi direito o que queria dizer as palavras tumor, cirurgia e quimioterapia na hora. Mas ele foi me explicando e eu fiz cara de que estava tudo certo. Até babar e dormir fazendo careta. Quando a isso, relatos do próprio que ficou de vigília pra trocar o soro e ver se eu não ia sair correndo do hospital ou qualquer coisa assim, né. Nunca se sabe.
O mais engraçado dele é que o maninho não deixa a peteca cair. Enquanto eu precisei que ele tivesse do meu lado, segurando a minha mão e me deixando segura... Bem, lá está o Léo firme e forte. Passou dois dias em prol de mim. Pesquisou tudo que acontecia com um linfoma e tratamentos, especialistas, casos, teses. Enfim. Deu um aperto no coração, quando, aqui em casa ele finalmente, baixou a guarda, e chorou. Quase eu levanto pra dar um abraço nele, mas, né, ainda não dava pra fazer movimentos bruscos.
Não tem tempo ruim pra com a gente. Ele chega aqui animado, depois do jogo, cansado e vira e fala: Anda, cadê, como que a gente tá hoje? Brilho nos olhos?
Dormindo assim, hot dog.
Eu sei que se eu fraquejar ele vai me levantar, mas nem penso nisso. Porque eu ia reclamar né? O destino me deu esse irmão de presente, não tenho motivos pra ficar triste né? Vou ver se providencio um cobertor maior pra ele, porque as ultimas noticias é que ele dormiu parecendo um cachorro quente, sabe? Sobrando pra fora do pão?

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